Coletânea reúne treze contos do mestre da ficção científica
Autor dos clássicos da ficção científica Fahrenheit 451 e As crônicas marcianas, Ray Bradbury é um escritor que usa as convenções do gênero fantástico para tornar nossos fantasmas mais reais. Nas narrativas incluídas neste A cidade inteira dorme e outros contos, o ficcionista norte-americano oscila entre o terror psicológico, as alegorias mágicas e a invenção de mundos alternativos – às vezes fundindo-os num único relato, mas sempre fazendo com que a imaginação seja um elemento inerente à realidade.
A prosa de Bradbury, as viagens espaciais e os habitantes de outros planetas foram incorporados à paisagem natural, neutralizando o efeito espetacular que poderíamos esperar das revoluções tecnológicas. Daí a ironia da cena em que um padre e um rabino discutem sobre a vinda do Messias num mundo que convive com marcianos, ou do conto em que uma velhinha deseja ver Deus de perto e é ludibriada por um agente de turismo que lhe vende bilhete para um foguete enguiçado Nas cenas futuristas de Bradbury, as terras alienígenas estão impregnadas pelo tédio das cidadezinhas do meio-oeste norte-americano e já apresentam aquele convívio entre modernidade e decadência que caracteriza as metrópoles contemporâneas.
Não é do porvir, portanto, que Bradbury faz derivar o caráter perturbador de sua literatura, mas de uma percepção do sinistro, do demoníaco, que paira sobre suas personagens como uma sensação de catástrofe iminente. É assim que ele deixa ausentes, em vários contos, elementos “clássicos” da ficção científica, mas os substitui por alucinações e desejos obsessivos que se introduzem no cotidiano. E, como em Fahrenheit 451, Bradbury descreve uma sociedade assolada pelo genocídio e pelo controle da vida privada – mostrando como a ficção científica, nas mãos de um grande escritor, sempre converge para o presente.
Coletânea reúne treze contos do mestre da ficção científica
Autor dos clássicos da ficção científica Fahrenheit 451 e As crônicas marcianas, Ray Bradbury é um escritor que usa as convenções do gênero fantástico para tornar nossos fantasmas mais reais. Nas narrativas incluídas neste A cidade inteira dorme e outros contos, o ficcionista norte-americano oscila entre o terror psicológico, as alegorias mágicas e a invenção de mundos alternativos – às vezes fundindo-os num único relato, mas sempre fazendo com que a imaginação seja um elemento inerente à realidade.
A prosa de Bradbury, as viagens espaciais e os habitantes de outros planetas foram incorporados à paisagem natural, neutralizando o efeito espetacular que poderíamos esperar das revoluções tecnológicas. Daí a ironia da cena em que um padre e um rabino discutem sobre a vinda do Messias num mundo que convive com marcianos, ou do conto em que uma velhinha deseja ver Deus de perto e é ludibriada por um agente de turismo que lhe vende bilhete para um foguete enguiçado Nas cenas futuristas de Bradbury, as terras alienígenas estão impregnadas pelo tédio das cidadezinhas do meio-oeste norte-americano e já apresentam aquele convívio entre modernidade e decadência que caracteriza as metrópoles contemporâneas.
Não é do porvir, portanto, que Bradbury faz derivar o caráter perturbador de sua literatura, mas de uma percepção do sinistro, do demoníaco, que paira sobre suas personagens como uma sensação de catástrofe iminente. É assim que ele deixa ausentes, em vários contos, elementos “clássicos” da ficção científica, mas os substitui por alucinações e desejos obsessivos que se introduzem no cotidiano. E, como em Fahrenheit 451, Bradbury descreve uma sociedade assolada pelo genocídio e pelo controle da vida privada – mostrando como a ficção científica, nas mãos de um grande escritor, sempre converge para o presente.