A melhor amiga da vida não está mais aqui. Na verdade, faz cinco anos. Tanto é que os pais de Andrea convidaram Emilia a voltar à Esquel, na Patagônia, para a cerimônia de espargimento das cinzas.
Sair de Buenos Aires, em pleno e tórrido verão da capital, parece fácil: seu relacionamento com Manuel está bom, pero no mucho, e para completar, Emi e seu irmão – que vivem juntos – acabaram de descobrir que tem um rato (ou uma família deles) vivendo em sua cozinha. No entanto, viajar para sua cidade natal, onde estão todas as memórias da infância e juventude, e onde é preciso encarar famílias que ficaram e também novas famílias que se formaram, parece ainda mais difícil. Como não se deixar afetar pelo ex-namorado? Pelas colegas de escola que continuam (as mesmas) lá? Como não se emocionar com quartos antigos, roupas, cds, videocassetes e fotos, quando em tudo parece ter sobrado muito… de si e da melhor amizade que se podia ter?
Narrado em segunda pessoa e em um tom de oralidade e intimidade, como merecem as promessas de amor eterno, Agosto parece estar entre uma extensa carta endereçada à amiga morta, um diário de viagem, e também a finalização de um longínquo processo de luto. Distante espacialmente da cidade onde vive e temporalmente dos anos 1990 em que viveu intensamente a adolescência, a narradora se vê sem pertencimento e o leitor é convidado a ser olhos, ouvidos e seu ombro-amigo.
Ellen Maria Vasconcellos
A melhor amiga da vida não está mais aqui. Na verdade, faz cinco anos. Tanto é que os pais de Andrea convidaram Emilia a voltar à Esquel, na Patagônia, para a cerimônia de espargimento das cinzas.
Sair de Buenos Aires, em pleno e tórrido verão da capital, parece fácil: seu relacionamento com Manuel está bom, pero no mucho, e para completar, Emi e seu irmão – que vivem juntos – acabaram de descobrir que tem um rato (ou uma família deles) vivendo em sua cozinha. No entanto, viajar para sua cidade natal, onde estão todas as memórias da infância e juventude, e onde é preciso encarar famílias que ficaram e também novas famílias que se formaram, parece ainda mais difícil. Como não se deixar afetar pelo ex-namorado? Pelas colegas de escola que continuam (as mesmas) lá? Como não se emocionar com quartos antigos, roupas, cds, videocassetes e fotos, quando em tudo parece ter sobrado muito… de si e da melhor amizade que se podia ter?
Narrado em segunda pessoa e em um tom de oralidade e intimidade, como merecem as promessas de amor eterno, Agosto parece estar entre uma extensa carta endereçada à amiga morta, um diário de viagem, e também a finalização de um longínquo processo de luto. Distante espacialmente da cidade onde vive e temporalmente dos anos 1990 em que viveu intensamente a adolescência, a narradora se vê sem pertencimento e o leitor é convidado a ser olhos, ouvidos e seu ombro-amigo.
Ellen Maria Vasconcellos