A força da boa literatura reside no fato de que ela nos desnuda, evidenciando e desnovelando as diversas camadas de nossos dilemas e questões, em qualquer tempo. Fatal error, para além de colocar sob os holofotes a essência do comportamento humano, revelando-nos, o faz de maneira que permite ao leitor vislumbrar o agora e os tempos que virão, dando a possibilidade de compreender um mundo em que – aparentemente – ainda não se vive, mas que já está em curso, com a tecnologia avançando sobre nossas vidas de maneira desmesurada, incompreensível e avassaladora.
Os personagens de Michel de Oliveira são homens e mulheres comuns, buscando resolver (ou pelo menos compreender) seus dilemas e encontrar soluções para problemas cotidianos que, transformados em obsessões pessoais, se tornam o inferno particular de cada um – isso não soa familiar? O que já não é pouco alia-se a um movimento constante em que smartphones, computadores, tecnologias de reprodução, mapeamento genético e todo um universo de pesquisa no Google, wi-fi e arrobas tornam-se protagonistas nas narrativas de vidas humanas, evidenciando que chegamos a um ponto de não retorno: estamos intrinsecamente ligados às tecnologias, e nenhum de nós conseguirá escapar do algoritmo que parece saber de nós mais do que nós mesmos.
No entanto, Fatal error não traz em suas páginas o teor por vezes lúgubre de Black Mirror. A obra de Michel de Oliveira consegue evocar, em cada um de seus contos, a urgência dos nossos tempos e a dimensão do que nos espera, mas sem perder o humor. E isso, sabemos, ainda é mais forte do que qualquer algoritmo.
Marco Severo
A força da boa literatura reside no fato de que ela nos desnuda, evidenciando e desnovelando as diversas camadas de nossos dilemas e questões, em qualquer tempo. Fatal error, para além de colocar sob os holofotes a essência do comportamento humano, revelando-nos, o faz de maneira que permite ao leitor vislumbrar o agora e os tempos que virão, dando a possibilidade de compreender um mundo em que – aparentemente – ainda não se vive, mas que já está em curso, com a tecnologia avançando sobre nossas vidas de maneira desmesurada, incompreensível e avassaladora.
Os personagens de Michel de Oliveira são homens e mulheres comuns, buscando resolver (ou pelo menos compreender) seus dilemas e encontrar soluções para problemas cotidianos que, transformados em obsessões pessoais, se tornam o inferno particular de cada um – isso não soa familiar? O que já não é pouco alia-se a um movimento constante em que smartphones, computadores, tecnologias de reprodução, mapeamento genético e todo um universo de pesquisa no Google, wi-fi e arrobas tornam-se protagonistas nas narrativas de vidas humanas, evidenciando que chegamos a um ponto de não retorno: estamos intrinsecamente ligados às tecnologias, e nenhum de nós conseguirá escapar do algoritmo que parece saber de nós mais do que nós mesmos.
No entanto, Fatal error não traz em suas páginas o teor por vezes lúgubre de Black Mirror. A obra de Michel de Oliveira consegue evocar, em cada um de seus contos, a urgência dos nossos tempos e a dimensão do que nos espera, mas sem perder o humor. E isso, sabemos, ainda é mais forte do que qualquer algoritmo.
Marco Severo