A primeira versão dessa produção apareceu em meados do ano 2000. Muito influenciado pela obra do historiador inglês E. P. Thompson, esse foi um importante esforço de pesquisa no âmbito da história local e regional. Populações negras egressas da escravidão ou carregando em si as memórias do cativeiro se movimentavam mobilizando-se, na primeira metade do século XX, a partir de suas crenças religiosas, de suas habilidades laborais produzindo redes de solidariedades que garantiam relativa segurança aos seus modos de vida. Esses trabalhadores negros espalhavam-se pelos curtumes, olarias, charqueadas, fábricas de banha, máquinas de beneficiamento de arroz. Ali amealhavam seus salários, dividiam suas alegrias e agruras e rezavam para os seus santos. Vivendo na Vila Operária, nos bairros Martins e Patrimônio, nas Tabocas, esperavam os tambores de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito anunciarem que era hora de se encontrarem nas partes centrais da cidade reforçando seus laços de sociabilidades. Assim, quebravam o ciclo da invisibilidade e constrangiam uma cidade que não os queria nela, ainda que não existisse sem os/as trabalhadores/as negros/as. O texto narra, com sensibilidade, essas histórias e muitas outras reiterando as potencialidades, como se nos avisasse da necessidade, de nós historiadores/as, continuarmos contando as experiências sociais das populações negras, fazendo da memória uma arma de luta do presente e do passado. Salve Nossa Senhora do Rosário e São Benedito! Prof. Dr. Florisvaldo Paulo Ribeiro Junior UFU – Universidade Federal de Uberlândia
segregação, sonhos e trabalhadores negros na região central do Brasil
A primeira versão dessa produção apareceu em meados do ano 2000. Muito influenciado pela obra do historiador inglês E. P. Thompson, esse foi um importante esforço de pesquisa no âmbito da história local e regional. Populações negras egressas da escravidão ou carregando em si as memórias do cativeiro se movimentavam mobilizando-se, na primeira metade do século XX, a partir de suas crenças religiosas, de suas habilidades laborais produzindo redes de solidariedades que garantiam relativa segurança aos seus modos de vida. Esses trabalhadores negros espalhavam-se pelos curtumes, olarias, charqueadas, fábricas de banha, máquinas de beneficiamento de arroz. Ali amealhavam seus salários, dividiam suas alegrias e agruras e rezavam para os seus santos. Vivendo na Vila Operária, nos bairros Martins e Patrimônio, nas Tabocas, esperavam os tambores de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito anunciarem que era hora de se encontrarem nas partes centrais da cidade reforçando seus laços de sociabilidades. Assim, quebravam o ciclo da invisibilidade e constrangiam uma cidade que não os queria nela, ainda que não existisse sem os/as trabalhadores/as negros/as. O texto narra, com sensibilidade, essas histórias e muitas outras reiterando as potencialidades, como se nos avisasse da necessidade, de nós historiadores/as, continuarmos contando as experiências sociais das populações negras, fazendo da memória uma arma de luta do presente e do passado. Salve Nossa Senhora do Rosário e São Benedito! Prof. Dr. Florisvaldo Paulo Ribeiro Junior UFU – Universidade Federal de Uberlândia