Justiça Abortada apresenta uma das abordagens mais argutas sobre o papel
desempenhado tanto pela medicalização
da maternidade e da infância quanto pela
repressão à contracepção - sendo aborto uma
de suas estratégias - e infanticídio na inserção
subsidiárias das mulheres no estado, na nação
e na sociedade brasileiras dos finais do século
XIX aos anos de 1930. A abordagem
feminista, que mantém um olhar atento para
a conjunção de gênero e raça, permite que
Cassia Roth acompanhe a penetração dos
mecanismos estatais, deslindando não apenas
os discursos grandiosos e as políticas públicas
grandiloquentes. Lança seu olhar para a
capilarização dos mecanismos estatais no
atendimento médico, nos tribunais, na
abordagem policial e mesmo no mundo dos
populares. Mulheres com ou sem filhos são
chamadas a testemunhar suas adversidades.
Optando pela contracepção ou praticando o
infanticídio, primíparas ou de múltiplas
gestações, casadas, solteiras ou amasiadas, se
defrontaram com a ingerência de discursos e
práticas pró-natalistas invasivas. O controle
de seus corpos alimentou estratégias e
resistências, que justificaram lutas
persistentes.
Maria Helena P. T. Machado
Professora titular do Depto. de História da USP
Justiça Abortada apresenta uma das abordagens mais argutas sobre o papel
desempenhado tanto pela medicalização
da maternidade e da infância quanto pela
repressão à contracepção - sendo aborto uma
de suas estratégias - e infanticídio na inserção
subsidiárias das mulheres no estado, na nação
e na sociedade brasileiras dos finais do século
XIX aos anos de 1930. A abordagem
feminista, que mantém um olhar atento para
a conjunção de gênero e raça, permite que
Cassia Roth acompanhe a penetração dos
mecanismos estatais, deslindando não apenas
os discursos grandiosos e as políticas públicas
grandiloquentes. Lança seu olhar para a
capilarização dos mecanismos estatais no
atendimento médico, nos tribunais, na
abordagem policial e mesmo no mundo dos
populares. Mulheres com ou sem filhos são
chamadas a testemunhar suas adversidades.
Optando pela contracepção ou praticando o
infanticídio, primíparas ou de múltiplas
gestações, casadas, solteiras ou amasiadas, se
defrontaram com a ingerência de discursos e
práticas pró-natalistas invasivas. O controle
de seus corpos alimentou estratégias e
resistências, que justificaram lutas
persistentes.
Maria Helena P. T. Machado
Professora titular do Depto. de História da USP