Em Liturgia do fim, Marilia Arnaud mostra um domínio excepcional da língua, revestindo a brutalidade da vida em Perdição com uma prosa lírica e um vocabulário de extraordinária e rara beleza. Inácio, escritor e professor universitário, um homem assombrado pela memória e pelos fantasmas de um segredo familiar, abandona a mulher e a filha, as salas de aula e a literatura para voltar a Perdição, lugar onde nasceu e viveu até os 18 anos. Numa narrativa descontinuada e sinuosa, em que presente e passado se alternam e se misturam, Inácio narra a infância e a adolescência em Perdição, a vida em família, a relação difícil com o pai, o terno entendimento com a mãe, a obsessão pela tia louca, os medos noturnos, o primeiro e único amor, a paixão pelos livros. Quarenta anos depois do lançamento de Lavoura arcaica, do escritor Raduan Nassar, a paraibana Marilia Arnaud traz à luz Liturgia do fim, romance no qual também disseca um núcleo familiar baseado numa estrutura patriarcal e rural, no qual ecoa um forte caráter bíblico. Segundo ainda Maria Valéria Rezende, “a coincidência da temática entre os dois romances diz algo de muito importante: o combate pela humanização das relações familiares e sociais é longo, duro, inescapável, inadiável”. Não poderia chegar em melhor hora esta história do Brasil profundo e machista que não apenas não morre, como parece estar ganhando mais força.
Em Liturgia do fim, Marilia Arnaud mostra um domínio excepcional da língua, revestindo a brutalidade da vida em Perdição com uma prosa lírica e um vocabulário de extraordinária e rara beleza. Inácio, escritor e professor universitário, um homem assombrado pela memória e pelos fantasmas de um segredo familiar, abandona a mulher e a filha, as salas de aula e a literatura para voltar a Perdição, lugar onde nasceu e viveu até os 18 anos. Numa narrativa descontinuada e sinuosa, em que presente e passado se alternam e se misturam, Inácio narra a infância e a adolescência em Perdição, a vida em família, a relação difícil com o pai, o terno entendimento com a mãe, a obsessão pela tia louca, os medos noturnos, o primeiro e único amor, a paixão pelos livros. Quarenta anos depois do lançamento de Lavoura arcaica, do escritor Raduan Nassar, a paraibana Marilia Arnaud traz à luz Liturgia do fim, romance no qual também disseca um núcleo familiar baseado numa estrutura patriarcal e rural, no qual ecoa um forte caráter bíblico. Segundo ainda Maria Valéria Rezende, “a coincidência da temática entre os dois romances diz algo de muito importante: o combate pela humanização das relações familiares e sociais é longo, duro, inescapável, inadiável”. Não poderia chegar em melhor hora esta história do Brasil profundo e machista que não apenas não morre, como parece estar ganhando mais força.