Se o historiador José Geraldo dos Santos, com O Brasil indígena e mestiço de Manoel Bomfim (2020), já revelara a importância da obra de Manoel Bomfim para o debate sobre a luta antirracista e anti-imperialista, no Brasil do século XXI, agora, amplifica suas reflexões bomfinianas em um sofisticado estudo comparativo das concepções historiográficas de M. Bomfim e M. Oliveira Lima em torno do pan-americanismo e de suas relações com a América Latina. Ao analisar as duas vertentes interpretativas conflitantes sobre a formação das suas nacionalidades e constituição racial da América Latina, o pesquisador reafirma que Manoel Bomfim compreendia que o meio natural e a presença de índios, negros e mestiços nos países sul-americanos não podem ser entendidos como obstáculos ao progresso, em contraposição à obra de Oliveira Lima que, tributário da doutrina da desigualdade das raças, posicionava-se contrário às mesclas raciais que envolviam os elementos humanos “inferiores”. Entretanto, mesmo díspares nas análises sobre aspectos raciais e sociais, suas historiografias confluíram na crítica ao pan-americanismo estadunidense, especialmente a Doutrina Monroe, e na aproximação com a proposta bolivariana de integração dos países da América Latina. Consolidando-se como um dos principais intérpretes da obra bomfiniana, o autor, com este livro, possibilita-nos reflexões relevantes para a superação dos ranços coloniais e racistas no Brasil contemporâneo, em direção a um país antirracista e com uma política externa independente no concerto das nações. Antônio Fernando de Araújo Sá Professor Titular do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Sergipe
Se o historiador José Geraldo dos Santos, com O Brasil indígena e mestiço de Manoel Bomfim (2020), já revelara a importância da obra de Manoel Bomfim para o debate sobre a luta antirracista e anti-imperialista, no Brasil do século XXI, agora, amplifica suas reflexões bomfinianas em um sofisticado estudo comparativo das concepções historiográficas de M. Bomfim e M. Oliveira Lima em torno do pan-americanismo e de suas relações com a América Latina. Ao analisar as duas vertentes interpretativas conflitantes sobre a formação das suas nacionalidades e constituição racial da América Latina, o pesquisador reafirma que Manoel Bomfim compreendia que o meio natural e a presença de índios, negros e mestiços nos países sul-americanos não podem ser entendidos como obstáculos ao progresso, em contraposição à obra de Oliveira Lima que, tributário da doutrina da desigualdade das raças, posicionava-se contrário às mesclas raciais que envolviam os elementos humanos “inferiores”. Entretanto, mesmo díspares nas análises sobre aspectos raciais e sociais, suas historiografias confluíram na crítica ao pan-americanismo estadunidense, especialmente a Doutrina Monroe, e na aproximação com a proposta bolivariana de integração dos países da América Latina. Consolidando-se como um dos principais intérpretes da obra bomfiniana, o autor, com este livro, possibilita-nos reflexões relevantes para a superação dos ranços coloniais e racistas no Brasil contemporâneo, em direção a um país antirracista e com uma política externa independente no concerto das nações. Antônio Fernando de Araújo Sá Professor Titular do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Sergipe