“O Corte e a chama”, de Leo Cunha e Paulo Rea, publicado pela Editora Pulo do Gato, é um livro em que um tema contemporâneo e da maior complexidade é explorado poeticamente com a contundência de uma tocha ardente ou uma lâmina de serra. Não há como sair indiferente após a leitura.
Dois poemas narrativos exploram um mesmo tema por dois pontos de partida que convergem na mesma consequência: a destruição da flora, fauna e dos povos da floresta por meio das queimadas e do desmatamento.
“A floresta em cinza
Conta penas e cicatrizes.
Ninguém ouve?”
O texto verbal é estruturado em duas narrativas poéticas simetricamente, espelhadas em ritmo seco, vocabulário justo, sem floreado, jogos de linguagem que não fazem rir, mas geram agonia, desalento.
Duas capas, dois títulos, dois autores. Cada poema narrativo começa de um lado do livro e segue até o meio, onde a poesia deixa a palavra e se transforma em imagem: a terra abatida e devastada fala por si. Não há final feliz ou esperança. O leitor vira então o livro de cabeça para baixo e inicia a outra narrativa até chegar à mesma imagem central: a terra queimada e sem vida. Não há por onde escapar. Engole-se a seco. O nó da madeira vai para a garganta.
Os poemas de cada página podem ser lidos em sequência, como estão apresentados, mas um leitor ousado talvez queira organizá-los em outra ordem, pois cada um possui sua unidade de sentido. Experimente. Leo Cunha segue por um caminho, mas permite que o leitor ande pelo que desejar, desde que deixe a passividade do passeio e chegue à indignação.
É comum que os leitores procurem atribuir relações literais entre imagem e texto. Há uma expectativa quase instintiva de ver representado o que se lê. Neste livro, porém, as imagens são livres como os próprios animais que procuram desesperadamente um caminho para a fuga.
A chama e o corte
“O Corte e a chama”, de Leo Cunha e Paulo Rea, publicado pela Editora Pulo do Gato, é um livro em que um tema contemporâneo e da maior complexidade é explorado poeticamente com a contundência de uma tocha ardente ou uma lâmina de serra. Não há como sair indiferente após a leitura.
Dois poemas narrativos exploram um mesmo tema por dois pontos de partida que convergem na mesma consequência: a destruição da flora, fauna e dos povos da floresta por meio das queimadas e do desmatamento.
“A floresta em cinza
Conta penas e cicatrizes.
Ninguém ouve?”
O texto verbal é estruturado em duas narrativas poéticas simetricamente, espelhadas em ritmo seco, vocabulário justo, sem floreado, jogos de linguagem que não fazem rir, mas geram agonia, desalento.
Duas capas, dois títulos, dois autores. Cada poema narrativo começa de um lado do livro e segue até o meio, onde a poesia deixa a palavra e se transforma em imagem: a terra abatida e devastada fala por si. Não há final feliz ou esperança. O leitor vira então o livro de cabeça para baixo e inicia a outra narrativa até chegar à mesma imagem central: a terra queimada e sem vida. Não há por onde escapar. Engole-se a seco. O nó da madeira vai para a garganta.
Os poemas de cada página podem ser lidos em sequência, como estão apresentados, mas um leitor ousado talvez queira organizá-los em outra ordem, pois cada um possui sua unidade de sentido. Experimente. Leo Cunha segue por um caminho, mas permite que o leitor ande pelo que desejar, desde que deixe a passividade do passeio e chegue à indignação.
É comum que os leitores procurem atribuir relações literais entre imagem e texto. Há uma expectativa quase instintiva de ver representado o que se lê. Neste livro, porém, as imagens são livres como os próprios animais que procuram desesperadamente um caminho para a fuga.