Quando conheci Daniela Fernandes Alarcon, em Brasília, em 2010, convidei-a para vir à aldeia tupinambá da Serra do Padeiro. Na época, estávamos organizando o nosso Seminário de Juventude, e propus que ela participasse. Daniela se encantou pelas paisa gens, tomou banho de rio, comemos frutas do pé. Nessa visita, ela falou da possibilidade de realizar uma pesquisa aqui, com o meu povo, para estudar as retomadas de terras, caso nós aprovássemos. A sua proposta de trabalho foi discutida na aldeia, co m as lideranças e os outros parentes, e aprovada. Depois, o projeto de pesquisa foi apresentado para a universidade. Nós nunca imaginaríamos a proporção e a repercussão que a sua pesquisa teria. Pensávamos que seria apenas mais um trabalho. — Glicéri a Tupinambá, no prefácio. O exercício da etnografia realizado por Daniela Fernandes Alarcon neste livro é uma imersão profunda na história e na expressão conjunta de conhecimentos realizada por ela e por famílias tupinambá da Serra do Padeiro (Ba hia). Aqui, a tessitura de um produto acadêmico não se desgarra de um processo complexo de interação social, das múltiplas escalas e formatos em que tal encontro pode ser vivido, concebido e atualizado. Longe de ser um destilado pré-encomendado por u ma genérica argumentação puramente abstrata, a etnografia resulta de experiências e compartilhamentos variados, e pode ser enunciada por distintas vozes e por muitas formas. O trabalho do etnógrafo não é pôr em prática uma mirada objetificante do pre sente, falsamente afetiva e descolada de densidade histórica e social, mas explorar os muitos significados do passado, potencializados em um projeto de futuro. — João Pacheco de Oliveira, na quarta capa
AS Retomadas na Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, SUL da Bahia
Quando conheci Daniela Fernandes Alarcon, em Brasília, em 2010, convidei-a para vir à aldeia tupinambá da Serra do Padeiro. Na época, estávamos organizando o nosso Seminário de Juventude, e propus que ela participasse. Daniela se encantou pelas paisa gens, tomou banho de rio, comemos frutas do pé. Nessa visita, ela falou da possibilidade de realizar uma pesquisa aqui, com o meu povo, para estudar as retomadas de terras, caso nós aprovássemos. A sua proposta de trabalho foi discutida na aldeia, co m as lideranças e os outros parentes, e aprovada. Depois, o projeto de pesquisa foi apresentado para a universidade. Nós nunca imaginaríamos a proporção e a repercussão que a sua pesquisa teria. Pensávamos que seria apenas mais um trabalho. — Glicéri a Tupinambá, no prefácio. O exercício da etnografia realizado por Daniela Fernandes Alarcon neste livro é uma imersão profunda na história e na expressão conjunta de conhecimentos realizada por ela e por famílias tupinambá da Serra do Padeiro (Ba hia). Aqui, a tessitura de um produto acadêmico não se desgarra de um processo complexo de interação social, das múltiplas escalas e formatos em que tal encontro pode ser vivido, concebido e atualizado. Longe de ser um destilado pré-encomendado por u ma genérica argumentação puramente abstrata, a etnografia resulta de experiências e compartilhamentos variados, e pode ser enunciada por distintas vozes e por muitas formas. O trabalho do etnógrafo não é pôr em prática uma mirada objetificante do pre sente, falsamente afetiva e descolada de densidade histórica e social, mas explorar os muitos significados do passado, potencializados em um projeto de futuro. — João Pacheco de Oliveira, na quarta capa