Tudo neste livro percute e ressoa — na pele, nos dias, nas montanhas, no mar e no asfalto do Rio de Janeiro. Depois do excelente Margem de manobra, de 2005, Claudia Roquette-Pinto retorna com Alma corsária, reafirmando uma percepção de mundo intensa e singular, trabalhada por olhos, ouvidos — e vários outros órgãos — alertas. Aqui o corte preciso das imagens se articula a uma atenção ímpar para o ritmo da língua, com a qual a poeta flagra, no movimento fugidio das palavras, o claro instante em que o real e a subjetividade se encontram em poesia: flores ou arestas.
E são múltiplas as alegrias e os desastres espalhados pelo livro. O impulso de liberdade, de quem se arrisca continuamente a ir além das próprias fronteiras para provar, no limite, o desejo, se depara, tantas vezes, com forças contrárias: saltos no vazio, banalidade do real, horror da pandemia e a passagem das horas que deixa marcas no corpo e na consciência. Da intensa contemplação de um hibisco “roxo e ríspido” ao espanto da “noite dos 500 mil corpos”, eis aqui uma poesia de alta voltagem, aberta às múltiplas dimensões do tempo.
Tudo neste livro percute e ressoa — na pele, nos dias, nas montanhas, no mar e no asfalto do Rio de Janeiro. Depois do excelente Margem de manobra, de 2005, Claudia Roquette-Pinto retorna com Alma corsária, reafirmando uma percepção de mundo intensa e singular, trabalhada por olhos, ouvidos — e vários outros órgãos — alertas. Aqui o corte preciso das imagens se articula a uma atenção ímpar para o ritmo da língua, com a qual a poeta flagra, no movimento fugidio das palavras, o claro instante em que o real e a subjetividade se encontram em poesia: flores ou arestas.
E são múltiplas as alegrias e os desastres espalhados pelo livro. O impulso de liberdade, de quem se arrisca continuamente a ir além das próprias fronteiras para provar, no limite, o desejo, se depara, tantas vezes, com forças contrárias: saltos no vazio, banalidade do real, horror da pandemia e a passagem das horas que deixa marcas no corpo e na consciência. Da intensa contemplação de um hibisco “roxo e ríspido” ao espanto da “noite dos 500 mil corpos”, eis aqui uma poesia de alta voltagem, aberta às múltiplas dimensões do tempo.