Bará na trilha do vento é um livro que rompe com estigmas, uma vez que a autora transpõe a ideia de um corpo negro imóvel e sem perspectiva dando espaço para as subjetividades e o agenciamento de uma corporeidade que coloca em evidência a ancestralidade negraafricana. Miriam Alves usa a arte da escrita como fundamento epistêmico, exaltando os saberes ancestrais em prol de uma coletividade, de modo que a presença das mais velhas é destacada. Em Bará na trilha do vento, Patrocina, avó da protagonista, atua como a guardiã dos segredos da família e responsável pelo rito de passagem que a menina borboleta fará ao completar sete anos de idade. A importância dessas guardiãs ancestraisindica que são elas as responsáveis pela reconexão com o passado, são elas que compartilham valores e modos de vidas que precisam ser reconstruídos na contemporaneidade, uma vez que trazem à baila o universo dos quilombos, dos quintais,dos terreiros, do girar da roda que move o mundo. É o princípio matripotente trançado de geração em geração pelas ìyás, mulheres que se configuram como líderes e desempenham papéis fundamentais na transmissão de valores, na espiritualidade e na organização social do seu povo. Apreciar esse movimento de (re)existência é poder esperançar dias melhores.Gisele Meire Tita Nazário da Silva, doutoranda em Estudos Literários - PPGEL/UFMT, professora da rede pública estadual de Mato Grosso.
na trilha do vento
Bará na trilha do vento é um livro que rompe com estigmas, uma vez que a autora transpõe a ideia de um corpo negro imóvel e sem perspectiva dando espaço para as subjetividades e o agenciamento de uma corporeidade que coloca em evidência a ancestralidade negraafricana. Miriam Alves usa a arte da escrita como fundamento epistêmico, exaltando os saberes ancestrais em prol de uma coletividade, de modo que a presença das mais velhas é destacada. Em Bará na trilha do vento, Patrocina, avó da protagonista, atua como a guardiã dos segredos da família e responsável pelo rito de passagem que a menina borboleta fará ao completar sete anos de idade. A importância dessas guardiãs ancestraisindica que são elas as responsáveis pela reconexão com o passado, são elas que compartilham valores e modos de vidas que precisam ser reconstruídos na contemporaneidade, uma vez que trazem à baila o universo dos quilombos, dos quintais,dos terreiros, do girar da roda que move o mundo. É o princípio matripotente trançado de geração em geração pelas ìyás, mulheres que se configuram como líderes e desempenham papéis fundamentais na transmissão de valores, na espiritualidade e na organização social do seu povo. Apreciar esse movimento de (re)existência é poder esperançar dias melhores.Gisele Meire Tita Nazário da Silva, doutoranda em Estudos Literários - PPGEL/UFMT, professora da rede pública estadual de Mato Grosso.