A vida sem a história seria um exílio. Um ponto sem significado no espaço temporal. Uma tarefa forjada contra um destino obscuro e insuperável. Um traço lógico no espaço plano sem qualquer valor ou densidade. Um fato acidental sem qualquer significado ou consciência ou, ainda, uma trajetória contingente no jogo de luzes e sombras da criação do Universo. Há, porém, algo de especial quando olhamos o presente à luz do passado, isto é, do sentido que emerge daquilo que toma distância do lugar onde nos encontramos. Esta dimensão só é possível quando a ternura do olhar se expande para além de si transformando a acidez da experiência humana numa aventura saborosa e radical. Por isso, o desafio pós-moderno não é apenas estetizar o presente, como denunciou Gilles Lipovetski, mas fazer ecoar a densidade do pensamento no subterrâneo do passado, lá onde a invisibilidade fez pouco esforço para criar suas vítimas. Estar aqui ou projetar-se no futuro, portanto, não é suficiente para suprir o sentido da experiência humana. Carregamos cadáveres que não podem ser sepultados, sob o risco de sepultarmos a nós mesmos. Eles nos tornam vivos e preenchem o horizonte de sentido que a facticidade das coisas não é capaz de fazê-lo. Mas não é suficiente carregá-los como um acessório qualquer. É preciso dar-lhes o sopro da vida e fazê-los reascender em nós o sonho de um futuro eterno. Este livro, ao reconstruir a genealogia de algumas das primeiras famílias da Colônia Guaporé, pretende dar um sopro de vida aqueles que tombarem no campo do esquecimento.
Coleção capela San Giuseppe - Volume 2
A vida sem a história seria um exílio. Um ponto sem significado no espaço temporal. Uma tarefa forjada contra um destino obscuro e insuperável. Um traço lógico no espaço plano sem qualquer valor ou densidade. Um fato acidental sem qualquer significado ou consciência ou, ainda, uma trajetória contingente no jogo de luzes e sombras da criação do Universo. Há, porém, algo de especial quando olhamos o presente à luz do passado, isto é, do sentido que emerge daquilo que toma distância do lugar onde nos encontramos. Esta dimensão só é possível quando a ternura do olhar se expande para além de si transformando a acidez da experiência humana numa aventura saborosa e radical. Por isso, o desafio pós-moderno não é apenas estetizar o presente, como denunciou Gilles Lipovetski, mas fazer ecoar a densidade do pensamento no subterrâneo do passado, lá onde a invisibilidade fez pouco esforço para criar suas vítimas. Estar aqui ou projetar-se no futuro, portanto, não é suficiente para suprir o sentido da experiência humana. Carregamos cadáveres que não podem ser sepultados, sob o risco de sepultarmos a nós mesmos. Eles nos tornam vivos e preenchem o horizonte de sentido que a facticidade das coisas não é capaz de fazê-lo. Mas não é suficiente carregá-los como um acessório qualquer. É preciso dar-lhes o sopro da vida e fazê-los reascender em nós o sonho de um futuro eterno. Este livro, ao reconstruir a genealogia de algumas das primeiras famílias da Colônia Guaporé, pretende dar um sopro de vida aqueles que tombarem no campo do esquecimento.