Não é de agora que o historiador italiano Carlo Ginzburg, um dos pioneiros da micro-história, tem predileção pelo ensaio. O gênero lhe permite combinar a atenção microscópica para o detalhe revelador - seja ele factual, seja ele estilístico - e o olhar telescópico, que descobre as raízes perdidas e as implicações futuras. Abordando assim uma constelação díspare de assuntos e personagens - o extermínio dos judeus de Menorca e a viagem dos canibais brasileiros à França, a narrativa de Stendhal e os famigerados Protocolos dos Sábios de Sião, o estilo de Voltaire e o nascimento do cinema -, Ginzburg aproxima-se assim, por vários lados, de um de seus temas centrais: as relações, nada óbvias e sempre surpreendentes, entre fato e ficção, entre o trabalho do historiador e a arte dos grandes narradores e críticos do Ocidente.
Não é de agora que o historiador italiano Carlo Ginzburg, um dos pioneiros da micro-história, tem predileção pelo ensaio. O gênero lhe permite combinar a atenção microscópica para o detalhe revelador - seja ele factual, seja ele estilístico - e o olhar telescópico, que descobre as raízes perdidas e as implicações futuras. Abordando assim uma constelação díspare de assuntos e personagens - o extermínio dos judeus de Menorca e a viagem dos canibais brasileiros à França, a narrativa de Stendhal e os famigerados Protocolos dos Sábios de Sião, o estilo de Voltaire e o nascimento do cinema -, Ginzburg aproxima-se assim, por vários lados, de um de seus temas centrais: as relações, nada óbvias e sempre surpreendentes, entre fato e ficção, entre o trabalho do historiador e a arte dos grandes narradores e críticos do Ocidente.