O Quilombo que Gerou Brasília tem a pretensão de ter um veio antropológico, talvez para gratificar minha primeira vocação de ser pesquisadora da “realidade das gentes”. Busca irromper a muralha da invisibilidade construída sobre a participação do povo negro na construção de Brasília, revisitando essa parte da história silenciada. É uma modesta contribuição para desconstruir o discurso que invisibiliza o negro na história do Distrito Federal, propondo, como percurso, uma viagem pela história negra no interior de Goiás. O enfoque antropológico faz com que, a partir dessas tessituras e da realidade relatada, eu possa ir me reconhecendo e estabelecendo minha identidade pessoal e profissional. Assim, pude ficar de frente a minha ancestralidade, pulsante em meu peito, não tão presente na cor da minha pele. Essa compreensão cresceu como uma cura, me depurando; à medida que eu lia sobre o tema, ia a seminários, conhecia as pessoas, andava pela comunidade, me autodeclarava “negra”. Sou filha de um negro nascido na região onde se ergueu Brasília, antiga Santa Luzia da Marmelada, o qual, apesar de ter sido invisibilizado durante toda sua existência, sempre se manteve honesto, trabalhador, fiel aos amigos e exemplo para toda sua família. Não deixou de nos ensinar a cada dia a sabedoria que trazia de forma autodidata, adquirida na vida, nos trabalhos nas fazendas, no respeito ao Cerrado e aos seus moradores. Minha ancestralidade é o fio de condução deste livro: sendo filha de um quilombola, sou também quilombola. O desejo de revisitar essas histórias silenciadas, ouvir essas vozes e levar esses saberes não hegemônicos a romper o anonimato me fez trilhar as pontes que ligam os saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, entre as identificações, reconhecimentos, coexistências do Quilombo Mesquita e propor esse diálogo entre os saberes marginalizados presentes neste território ancestral e Brasília, a capital erguida “onde não havia ninguém”.
Os acontecimentos silenciados e a história contada a partir da perspectiva do Quilombo Mesquita
O Quilombo que Gerou Brasília tem a pretensão de ter um veio antropológico, talvez para gratificar minha primeira vocação de ser pesquisadora da “realidade das gentes”. Busca irromper a muralha da invisibilidade construída sobre a participação do povo negro na construção de Brasília, revisitando essa parte da história silenciada. É uma modesta contribuição para desconstruir o discurso que invisibiliza o negro na história do Distrito Federal, propondo, como percurso, uma viagem pela história negra no interior de Goiás. O enfoque antropológico faz com que, a partir dessas tessituras e da realidade relatada, eu possa ir me reconhecendo e estabelecendo minha identidade pessoal e profissional. Assim, pude ficar de frente a minha ancestralidade, pulsante em meu peito, não tão presente na cor da minha pele. Essa compreensão cresceu como uma cura, me depurando; à medida que eu lia sobre o tema, ia a seminários, conhecia as pessoas, andava pela comunidade, me autodeclarava “negra”. Sou filha de um negro nascido na região onde se ergueu Brasília, antiga Santa Luzia da Marmelada, o qual, apesar de ter sido invisibilizado durante toda sua existência, sempre se manteve honesto, trabalhador, fiel aos amigos e exemplo para toda sua família. Não deixou de nos ensinar a cada dia a sabedoria que trazia de forma autodidata, adquirida na vida, nos trabalhos nas fazendas, no respeito ao Cerrado e aos seus moradores. Minha ancestralidade é o fio de condução deste livro: sendo filha de um quilombola, sou também quilombola. O desejo de revisitar essas histórias silenciadas, ouvir essas vozes e levar esses saberes não hegemônicos a romper o anonimato me fez trilhar as pontes que ligam os saberes tradicionais e os conhecimentos científicos, entre as identificações, reconhecimentos, coexistências do Quilombo Mesquita e propor esse diálogo entre os saberes marginalizados presentes neste território ancestral e Brasília, a capital erguida “onde não havia ninguém”.