"Primavera sombria", com tradução de Claudia Cavalcanti, abre uma importante fenda na parede de obscurantismo que envolve a artista, cuja obra completa foi lançada na Alemanha a partir de 1988. Por meio de uma narrativa visceral e pungente, inspirada em episódios biográficos da autora, "Primavera sombria" apresenta a história de uma menina que lida com a precariedade das relações familiares e a descoberta da sexualidade a partir de um emaranhado de jogos e delírios que povoam essa experiência, em alguns momentos violenta e traumática. “A vida é insuportável sem a dor”, escreve Zürn. “A menina protagonista do relato ainda habita na medula do irredutível. Tudo está permitido ‘para que o entusiasmo se mantenha’ e para escapar, assim, da monotonia da vida familiar. Entregue ao drama, brinca, sente um encanto perverso pelo perigo, o horror e o medo a excitam. Habita a poesia”, escreve no prefácio a surrealista espanhola Lurdes Martínez, integrante do Grupo Surrealista de Madri desde 1992 e coeditora da revista Salamandra. "Primavera sombria" teve sua primeira edição em 1967, três anos antes da trágica morte de Zürn aos 54 anos, quando se atirou da janela do apartamento em Paris onde vivia com seu companheiro, o escritor, pintor, fotógrafo e surrealista Hans Bellmer (1902 – 1975).
Uma narrativa
"Primavera sombria", com tradução de Claudia Cavalcanti, abre uma importante fenda na parede de obscurantismo que envolve a artista, cuja obra completa foi lançada na Alemanha a partir de 1988. Por meio de uma narrativa visceral e pungente, inspirada em episódios biográficos da autora, "Primavera sombria" apresenta a história de uma menina que lida com a precariedade das relações familiares e a descoberta da sexualidade a partir de um emaranhado de jogos e delírios que povoam essa experiência, em alguns momentos violenta e traumática. “A vida é insuportável sem a dor”, escreve Zürn. “A menina protagonista do relato ainda habita na medula do irredutível. Tudo está permitido ‘para que o entusiasmo se mantenha’ e para escapar, assim, da monotonia da vida familiar. Entregue ao drama, brinca, sente um encanto perverso pelo perigo, o horror e o medo a excitam. Habita a poesia”, escreve no prefácio a surrealista espanhola Lurdes Martínez, integrante do Grupo Surrealista de Madri desde 1992 e coeditora da revista Salamandra. "Primavera sombria" teve sua primeira edição em 1967, três anos antes da trágica morte de Zürn aos 54 anos, quando se atirou da janela do apartamento em Paris onde vivia com seu companheiro, o escritor, pintor, fotógrafo e surrealista Hans Bellmer (1902 – 1975).