Contar ou calar? Esse dilema, já presente na primeira parte desta trilogia, retorna em Dança e sonho, cuja narrativa está centrada na violência e no medo, que nos agridem cotidianamente. Como observa o pai do narrador, Jaime Deza, ao contar a este os horrores da guerra civil que testemunhou, ouvir o relato talvez seja pior do que presenciar o fato: a imagem do que vimos é mais fácil de apagar, mas a memória "não nos possibilita muita alteração do ouvido, do relatado". Por isso, seu pai calou por tanto tempo essas histórias: para preservar os filhos, a esposa, uma amiga, do seu horror.
Jaime também testemunhou uma brutal cena de violência, que constitui a mais tensa de todas as narrativas que compõem o romance, embora temperada, como sempre, com a ironia característica da prosa de Marías. E sente-se cúmplice desta por ter ficado paralisado de medo e espanto ante a espada ameaçadora erguida por seu chefe sobre um personagem grotesco, numa noite de dança. Em sua consciência, fica martelando pelo resto daquela noite: até que ponto se pode levar a violência? Pode-se justificá-la?
Contar ou calar? Esse dilema, já presente na primeira parte desta trilogia, retorna em Dança e sonho, cuja narrativa está centrada na violência e no medo, que nos agridem cotidianamente. Como observa o pai do narrador, Jaime Deza, ao contar a este os horrores da guerra civil que testemunhou, ouvir o relato talvez seja pior do que presenciar o fato: a imagem do que vimos é mais fácil de apagar, mas a memória "não nos possibilita muita alteração do ouvido, do relatado". Por isso, seu pai calou por tanto tempo essas histórias: para preservar os filhos, a esposa, uma amiga, do seu horror.
Jaime também testemunhou uma brutal cena de violência, que constitui a mais tensa de todas as narrativas que compõem o romance, embora temperada, como sempre, com a ironia característica da prosa de Marías. E sente-se cúmplice desta por ter ficado paralisado de medo e espanto ante a espada ameaçadora erguida por seu chefe sobre um personagem grotesco, numa noite de dança. Em sua consciência, fica martelando pelo resto daquela noite: até que ponto se pode levar a violência? Pode-se justificá-la?