Este livro realiza o desafio de apresentar ao público um caprichado estudo sobre o Centro Cultural Euclides da Cunha (CCEC), da cidade de Ponta Grossa e atuante por quase quatro décadas (1947-1985). Uma das novidades que oferece diz respeito à superação da perspectiva consagrada na historiografia, a saber, a ideia de que essa instituição se explica apenas em função de dinâmicas “locais”, particulares aos Campos Gerais. O CCEC é, ao contrário, compreendido no entrelaçamento complexo de múltiplas trajetórias e na costura que elas revelam entre esta e outras iniciativas análogas. Quando se olha para os lados, percebe-se que as redes de relações de seus membros foram incrivelmente extensas. Elas abarcaram os universos da política e da intelectualidade em várias escalas, bem como fizeram confluir para dentro do CCEC demandas de outras instituições. Os “euclidianos” princesinos auxiliaram a produzir e a consagrar uma agenda de questões voltadas tanto ao Brasil e à América, tomadas como totalidades, quanto aos Campos Gerais, onde atuaram mais diretamente. Aos seus olhos, o “nacional”, o “local” e o “regional” adquiriam outro relevo: vinculados à ideia de “sertão”, em suas múltiplas acepções, eles dariam a ver o chão firme em que se projetam, no mundo, as raízes do Brasil.
Rafael Faraco Benthien
Uma história dos euclidianos e do seu "Brasil interior" nos anos 1950 (CCEC, Paraná)
Este livro realiza o desafio de apresentar ao público um caprichado estudo sobre o Centro Cultural Euclides da Cunha (CCEC), da cidade de Ponta Grossa e atuante por quase quatro décadas (1947-1985). Uma das novidades que oferece diz respeito à superação da perspectiva consagrada na historiografia, a saber, a ideia de que essa instituição se explica apenas em função de dinâmicas “locais”, particulares aos Campos Gerais. O CCEC é, ao contrário, compreendido no entrelaçamento complexo de múltiplas trajetórias e na costura que elas revelam entre esta e outras iniciativas análogas. Quando se olha para os lados, percebe-se que as redes de relações de seus membros foram incrivelmente extensas. Elas abarcaram os universos da política e da intelectualidade em várias escalas, bem como fizeram confluir para dentro do CCEC demandas de outras instituições. Os “euclidianos” princesinos auxiliaram a produzir e a consagrar uma agenda de questões voltadas tanto ao Brasil e à América, tomadas como totalidades, quanto aos Campos Gerais, onde atuaram mais diretamente. Aos seus olhos, o “nacional”, o “local” e o “regional” adquiriam outro relevo: vinculados à ideia de “sertão”, em suas múltiplas acepções, eles dariam a ver o chão firme em que se projetam, no mundo, as raízes do Brasil.
Rafael Faraco Benthien