O livro Sistema Prisional: o labirinto da punição, reeducação falha e controle social da pobreza chega em boa hora. O encarceramento massivo avança a passos largos no Brasil e traz junto todas as suas perversas consequências: falta de garantia mínima de direitos humanos aos presidiários, ausência do cumprimento da Lei de Execuções Penais, extensão da punição para familiares de presos, inexistência de efetiva reinserção social, crescimento e estruturação das organizações criminais atuantes no cárcere, dentre muitas outras dimensões retratadas na obra.
Esse avanço foi contínuo e atravessou governos estaduais e federais situados em diferentes posições no espectro político-ideológico, e, ainda que com pequenas diferenças, sempre ocorreu na direção do controle social de jovens negros, pobres e moradores de favelas e periferias urbanas.
Diante deste quadro tão assustador como reiterado pela teoria social, o livro que você tem em mãos oferece importantes contribuições para os estudos da punição, particularmente daquelas relacionadas às prisões. Do ponto de vista teórico o livro decreta o fim das promessas de ressocialização da utopia liberal, porque sob um suposto manto de legalidade, estas apenas justificariam as prisões como a forma de punição predominante no mundo moderno e consolidariam as estratégias de enredamento do controle social de territórios (pobres) e populações negras).
Do ponto de vista histórico, o livro demonstra a continuidade do punitivismo associado ao racismo, ao patriarcado e a guerra de classes, construído através de uma espessa trama institucional por uma elite econômica e política atuando contra a possibilidade da vida em comum. Do ponto de vista do jogo da perspectiva dessas problemáticas, o estado de Pernambuco emerge como emblemático através da descrição dos percursos singulares do Patronato
Penitenciário de Pernambuco (PPP).
Convido aos leitores a adentrar no labirinto da punição para que, como dito na apresentação, possamos encontrar coletivamente os caminhos de sua saída. A tarefa não será fácil.
Daniel Hirata
Sobre o organizador: Marco Mondaini é graduado em História pela UFRJ, mestre em História Econômica pela USP e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Realizou doutorado-sanduíche no Instituto Gramsci de Roma/Itália, pós-doutorado no Departamento de Teoria e História dos Direitos Humanos da Universidade de Florença/ Itália e estágio-sênior no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane/Moçambique. É Professor Titular do Departamento de Serviço Social da UFPE e apresentador do programa Trilhas da Democracia.
reeducação falha e controle social da pobreza
O livro Sistema Prisional: o labirinto da punição, reeducação falha e controle social da pobreza chega em boa hora. O encarceramento massivo avança a passos largos no Brasil e traz junto todas as suas perversas consequências: falta de garantia mínima de direitos humanos aos presidiários, ausência do cumprimento da Lei de Execuções Penais, extensão da punição para familiares de presos, inexistência de efetiva reinserção social, crescimento e estruturação das organizações criminais atuantes no cárcere, dentre muitas outras dimensões retratadas na obra.
Esse avanço foi contínuo e atravessou governos estaduais e federais situados em diferentes posições no espectro político-ideológico, e, ainda que com pequenas diferenças, sempre ocorreu na direção do controle social de jovens negros, pobres e moradores de favelas e periferias urbanas.
Diante deste quadro tão assustador como reiterado pela teoria social, o livro que você tem em mãos oferece importantes contribuições para os estudos da punição, particularmente daquelas relacionadas às prisões. Do ponto de vista teórico o livro decreta o fim das promessas de ressocialização da utopia liberal, porque sob um suposto manto de legalidade, estas apenas justificariam as prisões como a forma de punição predominante no mundo moderno e consolidariam as estratégias de enredamento do controle social de territórios (pobres) e populações negras).
Do ponto de vista histórico, o livro demonstra a continuidade do punitivismo associado ao racismo, ao patriarcado e a guerra de classes, construído através de uma espessa trama institucional por uma elite econômica e política atuando contra a possibilidade da vida em comum. Do ponto de vista do jogo da perspectiva dessas problemáticas, o estado de Pernambuco emerge como emblemático através da descrição dos percursos singulares do Patronato
Penitenciário de Pernambuco (PPP).
Convido aos leitores a adentrar no labirinto da punição para que, como dito na apresentação, possamos encontrar coletivamente os caminhos de sua saída. A tarefa não será fácil.
Daniel Hirata
Sobre o organizador: Marco Mondaini é graduado em História pela UFRJ, mestre em História Econômica pela USP e doutor em Serviço Social pela UFRJ. Realizou doutorado-sanduíche no Instituto Gramsci de Roma/Itália, pós-doutorado no Departamento de Teoria e História dos Direitos Humanos da Universidade de Florença/ Itália e estágio-sênior no Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane/Moçambique. É Professor Titular do Departamento de Serviço Social da UFPE e apresentador do programa Trilhas da Democracia.